À deriva no sonho lúcido

 “Quando eu fechava os olhos, via um mar de estrelas me atravessar...” – Eu via estrelas e flutuava, no espaço que elas criavam entre si, eu me movia a minha vontade e sonhava que existia. Nesse sonho, com lar, barriga cheia e satisfação do consciente, eu desejava voar: eu queria voltar a ter a luz que se unia, em meio à escuridão, às estrelas que brilhavam, como quando vivia, ali, naquele MAR. O desejo era castrador, ou era isso, ou acordar!

Eu continuo existindo nesse sonho. Um sonho lúcido desde que comecei. Me questiono o quanto ele ainda me faz bem, o quanto, ainda, é primordial descobrir sua utilidade no plano das coisas. É um sonho caótico, em que corri por corredores estreitos, outras vezes largos, muitas vezes, em círculos... um labirinto! Não qualquer labirinto, mas um labirinto com centro. E esse centro, que eu almejava, não é o fim... é verdade que as paredes não existem nele! Há muitas flores e um lago que leva ao mar de estrelas. Eu poderia, até, me jogar, mas desaprendi a nadar. Eu ainda não entendi em que momento... não entendi como... já que habilidade adquirida não se perde, ao passo que você sabe de algo, não se pode mais deixar de saber... o que saltou aos olhos é que em meio ao centro do labirinto, a vastidão daquele espaço se prostrou diante de mim, já que as paredes não existiam. Mas mesmo assim, paralisei! Era o momento de me jogar do abismo. E eu o fiz.

Agora, caio em queda livre, enquanto estrelas, que estão longe de mim, passam pelo meu quadro de visão, borradas pelo efeito vertiginoso da queda... eu mexo os pés, os braços e, até, fechos olhos... tem alguém mais aí? ...

Acho que o sonho que ando vivendo é o que me prende. Ele é, exatamente, como os planos, mas não é como as experiências que acreditei, não desenvolve o que senti, quando no mar de estrelas comecei acreditar que tudo era verdade...